domingo, 25 de outubro de 2015

Pássaro azul

Parti ...
ainda Contigo por perto
nas asas de um pássaro azul...
Partiste num silêncio angustiante
levando Contigo a ave.

Procuro-a ainda. Sempre!
Desesperada!
À minha procura.
À nossa procura!
Num voo infinito
no azul do céu,
na imensidão do mar!

J.S.

Antes o Vôo da Ave



Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto, 
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. 
A ave passa e esquece, e assim deve ser. 
O animal, onde já não está e por isso de nada serve, 
Mostra que já esteve, o que não serve para nada. 
A recordação é uma traição à Natureza, 
Porque a Natureza de ontem não é Natureza. 
O que foi não é nada, e lembrar é não ver. 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar! 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLIII" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A carta que nunca te enviei

07-04-2010

Tu viste os meus olhos tristes
e encheste-os de luz.
Agora partiste, levando-a contigo.

Resta-me a dor
a saudade
a procura d'outro
porto de abrigo.

Passaram dois meses
e a dor é de ontem.
Apaguei-me contigo.
Tentei resistir.
Adiei o meu luto
em luta comigo.
Foi um engano. Um castigo.
Agora descubro que sem ti
não sou.
A luz que levaste
parte de mim apagou.

Olho a lua, tua e minha
companheira
tentando agarrar o que resta
mas falta
o teu riso
a tua presença.

Foste alguém que
me ouviu
me compreendeu
e me recordou das coisas simples
de que era composta
a minha vida;
Foste entrando discretamente
nas minhas muralhas.
Defini-me
Afirmei-me
em recordações tuas
que eram minhas.
Fui eu de novo
sonhando contigo,
tornando em palavras
o que nunca havia sido dito.
Renasci metaforicamente
nas asas de um pássaro azul
que me fugiu da gaiola
e ao qual eu "tomei" a alma como minha,
na procura de mim própria.

Voei livre e feliz
na tua companhia,
alimentando-me
dos teus sonhos,
da magia
das tuas palavras,
saciando-me,
bebendo
a tua escrita.

Quebraste
todas as
minhas barreiras,
abrindo-me portas desconhecidas
de ti,
embriagaste-me
com os teus devaneios e
viciaste-me
nos teus
ébrios delírios!


Roubaste-me
um beijo
desejado
proibido.
E
tornaste-te
parte de mim.

Assim, sem quereres
mas querendo
foste dono
do meu corpo
e do meu ser,
Senhor
do meu sorriso
e da minha luz,
apenas existindo.
Mesmo contrariando
as sensações
atento a convenções.


O tempo passa, e surge o medo
de esquecer pormenores
do teu rosto,
da tua voz,
dos teus gestos.

Recordo a marca na tua face
esquerda
o lado do teu
coração cansado.
Recordo
o teu sorriso fechado
ocultando com os teus lábios suaves
algo imperceptível aos outros
mas não a ti.
Recordo
os teus gestos lentos
controlados,
agitação denunciada
no coçar suave
do lado esquerdo do rosto
acariciando na mandíbula
leves marcas do tempo.

Vendendo sonhos
chamavas-me ao real
com a mestria de um sábio,
com palavras de luz e paz
que meio mundo não percebia.

Um dia, sendo ele qualquer um
haveremos de reencontrar-nos
e continuarmos
juntos
a nossa,
antes só tua,
Viagem
pela Rosa dos Ventos!

A ausência tem sido longa, já quase não me lembro de como funciona o blog, mas reencontrei alguns registos e deu-me vontade de os partilhar e recomeçar a escrever...


 06-04-2010

"Que difícil que é a vida dos homens, pensou ela. Eles não têm asas para voar por cima das coisas más."

Sophia de Mello Breyner Anderson, A Fada Oriana

sexta-feira, 14 de março de 2014

Reflexos



Luís&Joana




Gostei do momento, gostei do antes, gosto do depois...
Gosto dos dois e dos seus reflexos...
Reflectem alegria, paixão magia
reflectem amizade, determinação, vontade,

Reflectem memórias, pedaços de história

Reflectem-me a mim, a ti ...
No amor, na amizade, na dor

Na saudade
Trazendo à tona

O nosso melhor!