terça-feira, 10 de novembro de 2009

Eu Educadora me confesso...









Quero deixar aqui esta nota em especial para "os meus meninos" de Pegos, aos pais que me acolheram de forma exemplar, aos meus temporários colegas onde incluo os membros da Secretaria e Direcção do Agrupamento Álvaro Viana de Lemos, com especial referência ao Professor Jorge Monteiro.

Este ano lectivo 2009/2010 começou, e realço começou para mim de uma forma anormal e positivamente surpreendente. Pela primeira vez em toda a minha carreira como Educadora de Infância contratada pelo Ministério da Educação fui colocada a 29 de Setembro.

O contrato seria de um mês e teria o seu término a 28 de Outubro. O motivo da colocação devia-se à substituição de uma colega que fazia parte de uma lista candidata ao município onde residia.

Apresentei-me no Agrupamento no dia seguinte, apesar da colocação só me ter sido transmitida depois das 19h00 e recebi com prazer a fantástica notícia de que este contrato iria ser prolongado uma vez que a colega que eu iria substituir se encontrava grávida de quatro meses e meio e residia a 95 km de distancia do lugar em que leccionava, o que me manteria ali até ao final do ano lectivo. No dia seguinte participei na reunião de pais já convocada e dirigida pela Educadora que eu substituiria e que havia sido colocada também no início dessa semana. Fomos apresentadas aos pais como as Educadoras de Infância daquele jardim. E assim, fui-me integrando sem dificuldades numa equipa dinâmica e motivadora pela pertinência dos seus projectos, incluindo os concelhios. Encontrei no meu pequeno grupo de crianças a esperança de neste ano lectivo realizar o meu sonho de ser Educadora, a actividade a que sempre me dediquei mais do que o que me era exigido por lei, por gosto e paixão pelo que faço.

Poucos dias depois surgiu o "primeiro balde de água fria", que eu tomei simplesmente como um duche refrescante no calor de Outubro: O meu registo biográfico, onde estaria registado todo o meu percurso profissional encontrava-se desaparecido em parte incerta. Não encontraram no Agrupamento que me havia validado o tempo de serviço para o concurso deste ano, e referente ao último local onde prestei serviço na função pública, altura em que enriqueci o meu percurso profissional trabalhando no Sector Privado e em Instituições de Solidariedade Social, com o tempo de serviço, nestas últimas devidamente reconhecido e validado pelas respectivas Direcções Regionais de Educação.
A remuneração atribuída por este contrato foi calculada por um escalão muito inferior ao que tenho de facto direito, não tendo em conta o meu efectivo tempo de serviço nem o facto de ter já concluído uma licenciatura na área em anos anteriores. Receberei ainda o que me é devido,com retroactivos, espero, graças à vontade de resolução do problema no agrupamento onde fui colocada, e à minha organização no passado, que me levou a encontrar velhos contratos e recibos de vencimento...

Mas "a aventura" começou mesmo na sexta feira em que soube que Isabel Alçada ficaria com a pasta da Educação. Recebi ao final do dia a notícia que o meu contrato teria de ser terminado uma vez que o motivo que levou à minha contratação já não se mantinha e não continha a clausula "até ao regresso da titular". Assim, teriam que lançar o lugar novamente a concurso, pois o motivo da contratação agora era baixa por gravidez, apesar da pessoa substituída ser a mesma. Assim sem coragem para me despedir devidamente daqueles que me encheram de alegria nesse mês, terminei o meu contrato a 29 de Outubro.
Desde essa data até hoje, o Jardim de Infância de Pegos encontra-se encerrado, para angústia das crianças que já haviam encontrado ali um espaço de convívio, confiança e aprendizagem; dos pais que sem contar tiveram de encontrar um sitio para deixarem os seus filhos enquanto vão trabalhar, e minha própria, mas não menor angústia, pois continuo na Bolsa de Recrutamento, à espera da próxima "aventura".

A vaga agora lançada já é para um contrato anual, e é por gravidez de risco; mas a educadora não estará grávida até ao final do ano lectivo, a determinada altura deixará de ser gravidez e passará a ser Licença de Parto. (Cristininha, minha vereadora da esperança que tudo te corra bem até ao final e espero poder visitar-te a ti e ao teu rebento, quando ele nascer!Ficou a promessa, lembras-te?)
Ainda bem que não obrigam ao término do contrato também nesta situação. Apesar disso tem sido recusada já por cerca meia dúzia de candidatas, que provavelmente, apesar de em concurso, estão a trabalhar noutras instituições. Eu não as censuro, de forma nenhuma, oportunidade essa tivesse eu...

Há a revolta dos pais, que indignados com a situação a direccionam para quem dá a cara no Agrupamento. Cabe-me a mim, e não seria justa se não o fizesse dizer que sempre recebi da parte deles um grande apoio, sabendo que foi tentado o possível junto da Direcção Regional, em prole daquelas crianças e da minha situação profissional.

E ouvimos falar de avaliação de docentes, de qualidade e estabilidade no ensino!!!!

Não deveríamos pensar em começar por questionar e avaliar o topo? As leis e as regras que fazem funcionar bem ou não as bases? (Docentes, crianças e por conseguinte as famílias)?

Fica a questão, o desabafo e o agradecimento sincero a todos aqueles que me proporcionaram em termos profissionais um mês de "sonho". Esqueço os "baldes de água fria" e mantenho a esperança porque como Educadora que sou, tenho por missão e dever transmiti-la aos "meus próximos meninos" (para não falar nos meus filhos e tornar este desabafo mais pessoal...) seja onde for e quando for!!!!

É este o país que temos!!!!